segunda-feira, 6 de abril de 2009

A constituição da Personalidade


Através da psicologia existencialista pode-se afirmar que a personalidade do ser humano não é inata. O homem nasce corpo/consciência, ou seja, o sujeito concreto nasce com uma dada condição física e fisiológica, trazida com seu corpo e pela consciência. Essas são as condições possibilitadoras do seu ser de estabelecer relações com o mundo. Portanto a existência precede a essência, pois a partir de um processo histórico de totalização das relações do sujeito com o mundo, mediadas pelo social e a partir das experiências vividas, o ser constrói aos poucos sua personalidade.


A criança ao nascer é inserida em um espaço sociológico do qual ela é criada com conhecimentos, valores, crenças, afetividade, que viabilizam a sua formação como sujeito humano. Os indivíduos que convivem com a criança, vão desde cedo, criando uma identidade para ela, ao efetivarem um conjunto de expectativas em seu entorno: a consideram parecida com a mãe em tais atitudes, e com o pai em outras, dizem que ela é muito introvertida ou extrovertida, mostram como deve se comportar ensinando, negando ou aceitando determinadas condutas, e assim por diante. As primeiras relações vão definindo os parâmetros para a construção da personalidade, dessa forma a criança se faz ser aquilo que fizeram dela. Na infância encontram-se então atitudes, ações e emoções que sempre têm uma origem em uma determinação interiorizada.


O processo de construção da personalidade em um primeiro momento é experimentado na alienação, pois a criança pequena não nasce com capacidade de refletir, aprovando ou não racionalmente o que lhe submetem. Porém, mais tarde, quando a criança começa a se relacionar mais amplamente com o mundo, com uma diversidade de pessoas, aprende a refletir e abstrair, a partir de então, todo o processo de mediações, vai sendo apropriado reflexivamente por ela, constituindo o “saber de ser” que terá de si mesma. Para toda essa compreensão de si, é necessário uma consciência de 2° grau (reflexiva), através desta, vamos estabelecendo um entendimento de como agimos e sentimos, enfim, de quem nós somos. Quando se torna possível essa reflexão, o ser torna o seu ser em suas mãos, rompendo o dever-ser e situando-se no horizonte do poder-ser, deixando de viver somente a expectativa do outro e passando a viver em um conjunto de possibilidades, cuja realização depende dele.


Portanto: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Jean-Paul Sartre

Nenhum comentário: