sábado, 25 de abril de 2009

Falta de LIMITE?


Estarei enfatizando um fenômeno que vem sendo discutido em nossa sociedade de forma cotidiana, seja em meios acadêmicos, familiares ou pela mídia, refiro-me à indisciplina. Estarei apresentando hoje minha compreensão á respeito da indisciplina no âmbito FAMILIAR
O sistema de educação dentro do âmbito familiar mudou muito nas últimas décadas. Há algum tempo atrás, vigorava a disciplina imposta pela força. A criança que desobedecia a seus pais era castigada, muitas vezes com violência física. A partir dos anos 60 surgiu a proposta de se passar a perceber a criança e o jovem como detentores de uma individualidade a qual deveria ser respeitada. Incentivar a independência da criança, respeitar suas vontades, dar a ela condição de liberdade para que pudesse desenvolver seu senso crítico, sua personalidade, etc. Saía-se assim de uma relação autoritária para uma relação "democrática". A partir de então, a sociedade começou a sofrer sérias conseqüências, pois muita gente confundiu essa tal liberdade com ausência de limites. Por mais que a "idéia pudesse ser boa" os pais não estavam preparados para colocá-la em prática. Toda essa mudança que houve na educação está refletindo até hoje, e devido às más conseqüências, muitos pais estão começando a buscar o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade. A palavra de ordem é: LIMITE!
A criança não sabe o que é liberdade pessoal. Simplesmente faz o que tem vontade de fazer. Elas aprendem a comportar-se em sociedade convivendo com outras pessoas, principalmente com os próprios pais. A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio de imitação, da experimentação e da invenção.
Quando os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo o que desejam, não estão lhes ensinando noções do que podem ou não podem fazer. Os pais usam diversos argumentos para isso: “eles não sabem o que estão fazendo”; “são muito pequenos para aprender”; “vamos ensinar quando forem maiores”; “sabemos que não devemos deixar...mas é tão engraçadinho” etc.
É preciso lembrar que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou alguém. Se agradou, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação, e ela não tem condições de avaliar a adequação do seu gesto. Portanto, cada vez que os pais aceitam uma contrariedade, um desrespeito, uma quebra de limites, estão fazendo com que seus filhos não compreendam, e rompam o limite natural para seu comportamento em família e em sociedade.

O limite deve ser ensinado a criança desde pequena (mas isso não significa que os adolescentes indisciplinados não sejam passíveis de mudança, pois são, e é possível, torná-los ainda disciplinados). O ideal é ensinar a criança desde novinha, porque ela não sabe o que é liberdade pessoal e pensar em conseqüências, ou seja, ela não sabe o que é certo ou errado, simplesmente faz o que tem vontade de fazer. Então, a força dos pais está em transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, adequado ou não, entre o que é essencial e supérfluo, e assim por diante. Por exemplo: “pedir um brinquedo é aceitável, mas quebrar o brinquedo meia hora depois de ganhá-lo e pedir outro é inaceitável.” É importante estabelecer limites bem cedo e de maneira bastante clara porque mais tarde a criança se tornará um adolescente, e será preciso dizer a este, uma série de não, para continuar o educando e ensinando a “viver” em sociedade, para isso, esse “não”, tem que ser aceito.
Cabe enfatizar a importância da afetividade, pois os limites não serão alcançados se os pais forem percebidos apenas como autoridade. Os filhos sentem-se amados pelo interesse que os pais demonstram mesmo não estando com eles o dia inteiro. Com a “correria” do cotidiano, o excesso de trabalho, faz com que as relações entre pais e filhos se estreitem cada vez mais. Mas isso não é problema quando há qualidade nos momentos em que estão juntos. Algumas atitudes podem auxiliar na formação de um bom vínculo afetivo, nos mais simples e diversos fatos do dia-a-dia. Todos os dias, ao chegar do trabalho, os pais devem buscar os filhos, tentando mostrar para eles que mesmo não estando presente o tempo todo, se preocupam com as coisas de suas vidas. É importante que conversem, trocando informações de como foi o dia de cada um, como transcorreram as coisas, etc.
Em relação as atitudes dos pais, repreensivas ou aprovativas, elas são muito importantes para o crescimento pessoal da criança, pois através delas encontram referências, sentindo-se seguros.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A constituição da Personalidade


Através da psicologia existencialista pode-se afirmar que a personalidade do ser humano não é inata. O homem nasce corpo/consciência, ou seja, o sujeito concreto nasce com uma dada condição física e fisiológica, trazida com seu corpo e pela consciência. Essas são as condições possibilitadoras do seu ser de estabelecer relações com o mundo. Portanto a existência precede a essência, pois a partir de um processo histórico de totalização das relações do sujeito com o mundo, mediadas pelo social e a partir das experiências vividas, o ser constrói aos poucos sua personalidade.


A criança ao nascer é inserida em um espaço sociológico do qual ela é criada com conhecimentos, valores, crenças, afetividade, que viabilizam a sua formação como sujeito humano. Os indivíduos que convivem com a criança, vão desde cedo, criando uma identidade para ela, ao efetivarem um conjunto de expectativas em seu entorno: a consideram parecida com a mãe em tais atitudes, e com o pai em outras, dizem que ela é muito introvertida ou extrovertida, mostram como deve se comportar ensinando, negando ou aceitando determinadas condutas, e assim por diante. As primeiras relações vão definindo os parâmetros para a construção da personalidade, dessa forma a criança se faz ser aquilo que fizeram dela. Na infância encontram-se então atitudes, ações e emoções que sempre têm uma origem em uma determinação interiorizada.


O processo de construção da personalidade em um primeiro momento é experimentado na alienação, pois a criança pequena não nasce com capacidade de refletir, aprovando ou não racionalmente o que lhe submetem. Porém, mais tarde, quando a criança começa a se relacionar mais amplamente com o mundo, com uma diversidade de pessoas, aprende a refletir e abstrair, a partir de então, todo o processo de mediações, vai sendo apropriado reflexivamente por ela, constituindo o “saber de ser” que terá de si mesma. Para toda essa compreensão de si, é necessário uma consciência de 2° grau (reflexiva), através desta, vamos estabelecendo um entendimento de como agimos e sentimos, enfim, de quem nós somos. Quando se torna possível essa reflexão, o ser torna o seu ser em suas mãos, rompendo o dever-ser e situando-se no horizonte do poder-ser, deixando de viver somente a expectativa do outro e passando a viver em um conjunto de possibilidades, cuja realização depende dele.


Portanto: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Jean-Paul Sartre